Oii
Rubem Alves!
Sempre maravilhoso!
Quando começa a comparação a competição entra.
Viver competindo nem sempre é bom.
Pode-se perder a oportunidade da alegria da confraternização, da amizade, do companheirismo, etc, etc.
Bom mesmo é usufruir a vida com gratidão!
Carinho,
Lúcia Barros
Rubem Alves
Tenho um belo tomate crescendo no meu quintal. É certo que não há
vermes dentro dele. Vai dar uma deliciosa salada. Mas antes, vou mostrar
o meu tomate para meu vizinho… Um pouco de exibicionismo faz bem para o
ego. Mas aí eu olho para o quintal do vizinho. Ele também cultiva
tomates. Vejo o tomate que cresce no tomateiro dele. Lindo!
Vermelhíssimo, mais bonito que o meu. É nesta hora que o verme entra no
meu olho. Meus olhos se movimentam. Voltam-se para o meu tomate que era
minha alegria e orgulho. Já não é mais. Vejo-o agora mirrado, pequeno
murcho. E ele corresponde: apodrece repentinamente e cai… Perdi o prazer
da minha salada.
Esse
movimento dos olhos é a maldição da comparação. Quando eu comparo o meu
‘bom-bom-mesmo-mais-que-suficiente-para-me-fazer-feliz” com o “bom”
maior do outro, fico infeliz. E o que antes me dava felicidade passa a
me dar infelicidade. Com a comparação tem início a infelicidade humana.
Isso acontece com tudo. Comparo minha casa, meu carro, minhas roupas,
meu corpo, minha inteligência e até mesmo meu filho.
Frequentemente os filhos são vítimas no jogo de inveja dos seus pais. Aquele meu filho, que é a minha alegria, delícia de criança, com um jeitinho só dele e que me encanta… Mas o filho do vizinho tira notas mais altas que o meu, é campeão de natação, é mais forte, mais alto e não é gordinho… Então, meu olho se movimenta e o verme se aninha. E se dá o mesmo com meu tomate: apodrece.
Frequentemente os filhos são vítimas no jogo de inveja dos seus pais. Aquele meu filho, que é a minha alegria, delícia de criança, com um jeitinho só dele e que me encanta… Mas o filho do vizinho tira notas mais altas que o meu, é campeão de natação, é mais forte, mais alto e não é gordinho… Então, meu olho se movimenta e o verme se aninha. E se dá o mesmo com meu tomate: apodrece.